O Que é a Autoestima e Como se Trabalha?
A autoestima é um conceito central na psicologia e refere-se à percepção que uma pessoa tem de si mesma. Envolve a avaliação dos seus próprios valores, competências e capacidades. Quando falamos em autoestima, estamos a tratar da forma como cada indivíduo se vê e se sente em relação a si próprio. A autoestima pode ser alta, baixa ou situar-se num nível saudável, influenciando diretamente a forma como enfrentamos desafios, como lidamos com os outros e como tomamos decisões.
Neste artigo, vamos explorar o que é a autoestima, como ela se forma e, a partir da abordagem da Psicologia Cognitivo-Comportamental (TCC), como podemos trabalhá-la para promover o bem-estar e a saúde mental.
O Que é a Autoestima?
A autoestima pode ser definida como a avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma. Esta avaliação resulta da interação entre os pensamentos, crenças e sentimentos que temos sobre quem somos. Em termos simples, a autoestima responde à pergunta: “Como me sinto em relação a mim mesmo?”.
Componentes da Autoestima
- Autoimagem: A forma como a pessoa se vê, incluindo a sua aparência física, as suas capacidades e o seu comportamento.
- Autoconfiança: O grau de confiança que a pessoa tem na sua capacidade de realizar tarefas e lidar com desafios.
- Autoaceitação: O nível de aceitação e respeito que a pessoa tem por si mesma, independentemente das suas imperfeições.
Uma autoestima saudável permite-nos ter uma visão equilibrada de quem somos, reconhecendo tanto as nossas qualidades como as nossas áreas de melhoria. Quando a autoestima é baixa, podemos ter uma visão negativa e distorcida de nós mesmos, o que pode levar a sentimentos de inadequação, insegurança e até depressão.
Como se Forma a Autoestima?
A autoestima começa a desenvolver-se na infância e continua a ser moldada ao longo da vida, influenciada por uma série de fatores, incluindo:
- Interações com os pais e cuidadores: O afeto, o apoio durante a infância são fundamentais para o desenvolvimento de uma autoestima saudável.
- Experiências sociais: As interações com amigos, colegas e professores também moldam a forma como nos vemos a nós mesmos.
- Crenças pessoais: As crenças que formamos sobre quem somos e o que somos capazes de fazer influenciam diretamente a nossa autoestima.
- Cultura e sociedade: As expectativas sociais e culturais sobre sucesso, beleza e comportamento podem afetar a forma como avaliamos a nossa própria pessoa.
O Impacto da Autoestima na Saúde Mental
A autoestima tem um impacto significativo na saúde mental. Uma autoestima saudável está associada a:
- Maior resiliência: Capacidade de lidar com os desafios e contratempos de forma eficaz.
- Bem-estar emocional: Sensação de satisfação e felicidade com a vida.
- Melhores relações sociais: Pessoas com autoestima saudável tendem a ter relações interpessoais mais positivas e equilibradas.
Por outro lado, a baixa autoestima pode levar a:
- Depressão e ansiedade: Pensamentos negativos e autocríticos podem contribuir para o desenvolvimento de problemas emocionais.
- Comportamentos de autossabotagem: A pessoa pode evitar situações desafiantes por medo de falhar.
- Dificuldade em estabelecer limites saudáveis: Pode haver dificuldade em dizer “não” ou em defender as próprias necessidades, o que pode levar ao ressentimento e ao stress.
Como Trabalhar a Autoestima? Intervenções da TCC
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem eficaz para trabalhar a autoestima, pois foca-se na identificação e modificação dos padrões de pensamento disfuncionais que contribuem para uma visão negativa de si mesmo.
- Identificação e Modificação de Pensamentos Negativos
Um dos primeiros passos na TCC é ajudar a pessoa a identificar pensamentos automáticos negativos sobre si mesma. Estes pensamentos podem incluir:
- “Nunca faço nada bem.”
- “Não sou capaz de lidar com isto.”
- “Ninguém gosta de mim.”
Através da reformulação cognitiva, o terapeuta ajuda a pessoa a desafiar esses pensamentos e a substituí-los por pensamentos mais realistas e positivos, como:
- “Posso não ser perfeito, mas faço o meu melhor.”
- “Tenho competências que posso melhorar.”
- “As pessoas valorizam-me por quem sou.”
- Técnicas de Autoaceitação
A TCC promove a autoaceitação, que envolve aprender a aceitar-se a si mesmo, incluindo as suas imperfeições. Técnicas como o diário de gratidão podem ajudar a pessoa a focar-se nas suas qualidades e nas coisas que fazem parte do seu valor pessoal, em vez de apenas se concentrar nas suas falhas.
- Estabelecimento de Metas Realistas
Estabelecer metas realistas e alcançáveis é uma parte importante do trabalho da autoestima. Quando as pessoas alcançam as suas metas, aumentam a sua autoconfiança e percebem que são capazes de ter sucesso. O terapeuta ajuda a pessoa a definir metas específicas, mensuráveis e realistas, e a traçar um plano para alcançá-las.
- Desenvolvimento de Competências de Comunicação Assertiva
A baixa autoestima pode levar a comportamentos passivos ou agressivos nas interações sociais. A TCC ensina estratégias de comunicação assertiva, ajudando a pessoa a expressar as suas necessidades e sentimentos de forma direta e respeitosa. Isso contribui para o fortalecimento da autoestima e para a melhoria das relações interpessoais.
- Exposição a Situações Desafiantes
A exposição gradual a situações desafiantes é uma técnica utilizada para aumentar a confiança e reduzir o medo do fracasso. O terapeuta pode ajudar a pessoa a enfrentar situações que evitava devido à baixa autoestima, começando com situações de baixo risco e avançando gradualmente para desafios maiores.
Considerações Finais
A autoestima é um elemento fundamental para o bem-estar psicológico e emocional. Trabalhar a autoestima através de intervenções baseadas na Terapia Cognitivo-Comportamental pode ajudar a pessoa a desenvolver uma visão mais equilibrada de si mesma, a melhorar a sua confiança e a aumentar o seu bem-estar geral. Quando conseguimos fortalecer a nossa autoestima, sentimos maior resiliência, satisfação e felicidade na vida.
Referências
- Beck, A. T. (1979). Cognitive therapy and the emotional disorders. Penguin Books.
- Fenn, K., & Byrne, M. (2013). The key principles of cognitive behavioural therapy. InnovAiT: Education and inspiration for general practice, 6(9), 579-585.
- Rosenberg, M. (1965). Society and the adolescent self-image. Princeton University Press.
- Neff, K. D. (2011). Self-compassion: Stop beating yourself up and leave insecurity behind. HarperCollins.