POC de Contaminação e Limpeza
Este subtipo envolve obsessões relacionadas ao medo de contaminação, com pensamentos intrusivos sobre germes, sujeira, substâncias tóxicas ou outras formas de “impureza”. Indivíduos com essa forma de POC frequentemente executam rituais de limpeza para evitar contaminação ou eliminar a sensação de “sujidade” após entrar em contato com o que consideram contaminado.
Pensamentos e Sintomas Típicos
- Pensamentos Comuns:
- “Se eu tocar em qualquer coisa suja, posso apanhar uma doença grave.”
- “Preciso lavar as mãos, porque senão posso infectar alguém da minha família.”
- “E se eu tiver pisado algo perigoso e trouxer para dentro de casa?”
- Sintomas Comuns:
- Lavar as mãos repetidamente até a pele ficar irritada ou rachada.
- Evitar apertar as mãos de outras pessoas ou tocar objetos públicos, como corrimões ou maçanetas.
- Rituais complexos de limpeza, como tomar banhos longos e repetitivos ou higienizar itens pessoais por horas.
Intervenção da TCC
- Exposição e Prevenção de Resposta (EPR): Um exemplo de EPR para esse subtipo seria o terapeuta incentivar o paciente a tocar em um objeto que consideram contaminado, como uma maçaneta pública, e adiar o ritual de lavar as mãos. Com o tempo, a ansiedade diminui sem a necessidade de compulsão, ajudando o paciente a perceber que o risco de contaminação é mínimo.
- Reestruturação Cognitiva: Trabalha-se com o paciente para desafiar a ideia de que a exposição ao contato irá necessariamente causar doença. Questionar evidências com perguntas como “Quantas vezes você ficou realmente doente depois de tocar numa maçaneta?” ajuda a reduzir a intensidade dessas crenças.
POC de Verificação
A POC de verificação é marcada pelo medo de que um erro ou negligência possa resultar em consequências catastróficas, como incêndios, roubos ou acidentes. Indivíduos com essa forma de POC executam compulsões de verificação repetitiva para garantir que estão “seguros” ou que não esqueceram algo importante.
Pensamentos e Sintomas Típicos
- Pensamentos Comuns:
- “E se eu deixei o fogão ligado e causar um incêndio?”
- “Tenho que verificar a porta três vezes para ter certeza de que está trancada, senão alguém pode entrar.”
- “Se eu não verificar o gás, posso matar toda a minha família.”
- Sintomas Comuns:
- Verificar fechaduras, janelas e eletrodomésticos repetidamente.
- Voltar ao local de trabalho ou a casa várias vezes para garantir que algo foi desligado.
- Verificar e-mails e mensagens constantemente para ter certeza de que não houve erro, como mensagens impróprias enviadas acidentalmente.
Intervenção da TCC
- EPR com Verificação: O terapeuta encoraja o paciente a reduzir gradualmente o número de verificações. Por exemplo, o paciente é exposto ao sair de casa sem verificar a porta ou o fogão várias vezes, ajudando-o a tolerar a incerteza.
- Desenvolver Tolerância à Incerteza: Na TCC, o terapeuta utiliza técnicas para ajudar o paciente a entender que a vida envolve incertezas e que não é possível prever ou controlar tudo. Por meio de questionamentos, o paciente começa a tolerar pequenas incertezas, o que reduz a ansiedade de verificação.
POC de Simetria e Ordem
Indivíduos com este subtipo sentem a necessidade de que os objetos estejam organizados de maneira específica, simétrica ou alinhada. Qualquer desvio dessa “ordem perfeita” pode provocar intensa ansiedade e desconforto, e o paciente sente uma urgência em ajustar ou reorganizar até que tudo esteja “certo”.
Pensamentos e Sintomas Típicos
- Pensamentos Comuns:
- “Esses livros precisam estar perfeitamente alinhados, ou algo mau vai acontecer.”
- “Se a mesa estiver desorganizada, não conseguirei me concentrar e meu dia será arruinado.”
- “Tudo precisa estar em ordem; se não estiver, significa que perdi o controle da minha vida.”
- Sintomas Comuns:
- Organizar objetos repetidamente até que estejam simétricos ou perfeitamente alinhados.
- Sentir desconforto extremo ao ver itens fora de ordem ou objetos dispostos de forma irregular.
- Demorar longos períodos para organizar ambientes, prejudicando atividades cotidianas e o convívio social.
Intervenção da TCC
- EPR com Objetos Desorganizados: O terapeuta pode solicitar ao paciente que deixe objetos ligeiramente desalinhados ou que aceite que um item esteja fora de lugar. O objetivo é que o paciente experimente e tolere o desconforto gerado pela “imperfeição”.
- Reestruturação de Crenças sobre Controle e Perfeição: O terapeuta desafia as crenças de que “tudo deve estar perfeito para que eu esteja em controlo”. Exercícios cognitivos ajudam a reduzir o pensamento dicotómico e a aceitar que pequenas imperfeições são normais e não representam um “caos” interno.
POC de Pensamentos Intrusivos e Tabus (Pensamentos Puros)
Este subtipo envolve obsessões com pensamentos intrusivos, muitas vezes de natureza violenta, sexual ou moralmente inaceitável. Os indivíduos geralmente não realizam compulsões físicas, mas rituais mentais para “neutralizar” os pensamentos. Esses pensamentos geram vergonha e medo de que possam se tornar realidade.
Pensamentos e Sintomas Típicos
- Pensamentos Comuns:
- “E se eu perder o controlo e magoar alguém?”
- “Pensar em algo sexualmente impróprio significa que sou uma pessoa horrível.”
- “Se eu imaginei isso, pode significar que tenho impulsos violentos.”
- Sintomas Comuns:
- Rituais mentais, como tentar “bloquear” os pensamentos ou rezar para neutralizá-los.
- Buscar garantias ou confirmar repetidamente que não tem intenção de realizar os atos pensados.
- Evitar situações, locais ou pessoas que possam provocar ou associar-se a esses pensamentos.
Intervenção da TCC
- EPR com Pensamentos Intrusivos: A terapia expõe o paciente a seus pensamentos, repetindo-os ou escrevendo-os, até que percam sua carga emocional. Esse processo ajuda o paciente a ver os pensamentos como inofensivos.
- Desafiar a Fusão Pensamento-Ação: A TCC ensina o paciente a perceber que pensamento e ação são distintos. Questionar a crença de que “pensar é igual a fazer” é fundamental, e o paciente é orientado a observar que esses pensamentos intrusivos são comuns a todos e não definem seu caráter.
POC de Acumulação (Hoarding)
Descrição Detalhada
Na acumulação compulsiva, há uma obsessão com o acumular de objetos e um medo de descartar qualquer coisa que pode ter valor, seja ele funcional ou sentimental. A dificuldade em descartar objetos gera ambientes abarrotados e inseguros, além de prejuízos sociais e familiares.
Pensamentos e Sintomas Típicos
- Pensamentos Comuns:
- “E se eu precisar deste objeto no futuro?”
- “Esse item tem um valor sentimental que eu não posso simplesmente descartar.”
- “Se eu mandar fora, pode ser que eu me arrependa e nunca consiga algo parecido.”
- Sintomas Comuns:
- Acumular itens sem valor aparente, como jornais, recipientes vazios ou roupas antigas.
- Ambiente de casa ou trabalho desorganizado a ponto de prejudicar a funcionalidade do espaço.
- Dificuldade em descartar objetos, até mesmo aqueles sem valor ou quebrados.
Intervenção da TCC
- Exposição ao Descarte: Na TCC, o terapeuta orienta o paciente a começar descartando itens de menor importância, avançando para itens mais valiosos. Esse processo é gradual e busca dessensibilizar o paciente em relação ao desconforto do descarte.
- Desafiar Crenças de Valor e Necessidade: Exercícios de reestruturação ajudam o paciente a questionar se realmente precisará do objeto no futuro. Perguntas como “Quantas vezes você usou esse item nos últimos seis meses?” ajudam a quebrar a ideia de necessidade.
- Apego e Identidade: A TCC trabalha
Referências
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